Congregação Presbiteriana de Lavras, em frente ao antigo templo, demolido em 1942 e reerguido em 1944. Abaixo, atual Primeira Igreja Presbiteriana de Lavras. Foto: Jornal de Lavras
Hoje, segunda-feira, dia 9, está fazendo 113 anos que o templo da Igreja Presbiteriana, edificada na praça Municipal, hoje praça Leonardo Venerando, foi consagrado, sob a direção do educador norte americano Samuel Rhea Gammon. A construção daquele templo foi com muito sacrifício, não apenas pela falta de recursos, mas pela não aceitação dos católicos, que eram cada vez mais instigados pelos padres da época.
Os presbiterianos tiveram problemas sérios quando chegaram em Lavras, tudo começou 
com a chegada do jovem teólogo americano a Lavras em 1891, ele e seus acompanhantes foram os primeiros protestantes da cidade, então enfrentaram a ira dos católicos da época.
No dia 15 de janeiro de 1893 o aventureiro protestante Samuel Gammon fundou uma das mais importantes e reconhecidas instituições de ensino do Brasil: o Instituto Gammon, com o nome de Instituto Evangélico de Lavras.
Começou então uma guerra contra os protestantes. No dia 29 de maio de 1896, uma descarga elétrica provocada pela fúria da natureza põe abaixo o Cruzeiro existente no alto da Pedreira, que havia sido levantado em 1869. Alguns supersticiosos atribuíram ao fato a presença dos missionários americanos em nossa cidade.
Em 9 de julho de 1899 aconteceu a consagração do templo protestante, uma das primeiras igrejas presbiterianas no interior de Minas Gerais. Os católicos da época não aceitavam, eles acreditavam que os protestantes eram enviados do demônio, eles enfrentavam problemas constantemente com a igreja em Lavras, até mesmo para sepultar seus mortos, tanto que no dia 21 de outubro de 1907, Samuel Gammon enviou um abaixo assinado contendo onze assinaturas de membros da igreja Presbiteriana, que foi encaminhado a Câmara Municipal, nele, explicou o Dr. Gammon:
"Os christãos evangélicos residentes nesta cidade, durante estes dez anos, estão sujeitos, sempre que tenham que sepultar os seus mortos, a vexames originados com as auctoridades eclesiásticas, sendo que estes vexames se tem tornado mais freqüentes e mais irritantes de certo tempo." O Dr. Gammon finalizou: "... que a Câmara Municipal providencie para que brevemente haja um cemitério secular, sob a fiscalização do governo municipal."
A cidade foi crescendo e os protestantes conquistando seu espaço, hoje não existe mais conflitos religiosos na cidade, hoje nem católicos e nem protestantes imaginam como foi no passado. A intolerância religiosa em Lavras, no final do século XIX e início do século XX foi muito grande.
Um fato curioso e que merece registro aconteceu com Carlota Kemper, a mulher enciclopédia, como era conhecida nos meios educacionais do Brasil. Um dia, ela estava se trocando em seu quarto, no Colégio Evangélico, quando percebeu que alguém a observava pelo buraco da fechadura. Dona Carlota abriu repentinamente a porta e flagrou uma empregada do colégio.
Questionada sobre a razão da espionagem, a empregada contou que o padres da igreja havia dito que os americanos de Lavras tinham os pés de cabra, como o demônio, por esta razão andavam calçados durante todo o tempo.
Do alto de sua sabedoria, Carlota Kemper saiu naquele dia descalça pela cidade, para que todos pudessem ver que aquilo que havia sido dito na igreja não era verdade.
A velha igreja, que foi consagrada por Samuel Gammon, foi demolida e em seu lugar outra foi edificada e no dia 26 de novembro de 1944 consagra-se o novo templo da Igreja Presbiteriana. A construção do novo templo na então praça da Bandeira ficou a cargo do construtor José Cicarelli.
A cerimônia de consagração foi presidida pelo pastor Francisco Alves, ajudado pelos reverendos Frank F. Baker e Benjamin Morais.
