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Matéria Jornalística /


Publicada em: 25/04/2023 13:45 - Atualizada em: 25/04/2023 22:39
Empresário faz 90 anos e conta histórias de um dos hotéis mais conhecidos de Lavras
Nelson Vilela fundou, há 60 anos, o Hotel e Restaurante Pinguim

Empresário Nelson Vilela e sua esposa, Maria das Dores Vilela, casados há 72 anos

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História de Lavras. Por: Eduardo Cicarelli - Jornalista

Lavras sempre foi uma cidade frequentada por muitos viajantes, desde o inicio do século passado, quando familiares de estudantes do Colégio Evangélico vinham a Lavras para matricular seus filhos, por isso, a cidade já tinha muitos hotéis e pensões nos séculos XIX e XX.

Os registros históricos comprovam isso, como a hospedagem, em 20 de novembro de 1895, do senhor Paul Martin Tancke, que trouxe consigo um "phonographo", instrumento que reproduz sons de discos. O célebre invento de Tomás Alva Edson ficou em exposição no Hotel Central, causando grande corrida da população lavrense àquele estabelecimento, onde todos queriam ver o primeiro "phonographo" de Lavras.

Outro registro histórico foi a hospedagem do fotógrafo Mr. J. Riley, agente da Casa Pratt, Cochrane e Cia., do Rio de Janeiro, que se hospedou no Hotel Moreira no dia 3 de março de 1896. Mr. J. Riley veio a Lavras para fotografar alguns pontos da cidade e pessoas. Muitas famílias lavrenses foram retratadas por este profissional e as fotos mais antigas de Lavras foram registros dele.

Em 15 de maio de 1905, Lavras recebeu uma visita ilustre: chega a Lavras para uma visita à colônia italiana o cônsul V. de Monreale, que foi recebido por cerca de quinhentas pessoas, entre imigrantes italianos e brasileiros. O cônsul V. de Moreale, que também era conde, foi saudado pelo estudante João Marafelli, que falou em nome da colônia italiana ainda na estação ferroviária; depois pelo jovem Paulo Menicucci, no Hotel Moreira, onde foi servido um banquete de cinquenta talheres.

Outra ilustre visita que se hospedou em Lavras e fez questão de registrar sua visita no livro de hospedes do Hotel Moreira, em 26 de janeiro de 1910, foi o poeta Belmiro Braga, que esteve em Lavras para assistir ao casamento de Elias Arantes Johanny de Souza e Maria Constança da Costa Pinto, filha do médico Antônio da Costa Pinto. O poeta registrou no livro de hospedes do Hotel Moreira o seguinte: "Meu coração (que maldade! Não pode encontrar palavras; Que exprimam toda bondade; Do bello povo de Lavras! De coração, Belmiro Braga 26/01/10".

Com o passar dos anos, novos hotéis e pensões foram surgindo em Lavras para poder atender a demanda de hospedes, como o Hotel Hermeto, que foi fundado no dia primeiro de janeiro de 1930, na praça Augusto Silva, pelo empresário Raul Hermeto. Este hotel destacava-se por possuir uma geladeira da marca GE e um aparelho de rádio da marca "Metrone", para servir os seus hospedes.

Há 90 anos, em 8 de maio de 1933, Lawrence Hill, superintendente geral da Companhia Thelephonica Brasileira, com sede no Rio de Janeiro, comunica ao prefeito Manoel Augusto Silva, através de um ofício, que um posto telefônico interurbano seria instalado no Hotel Central, situado à praça Dr. Augusto Silva.

Outro benefício "puxado" por um hotel foi a instalação no dia 2 de setembro de 1933, na praça Dr. Augusto Silva, em frente ao Hotel Hermeto, uma bomba de gasolina da Anglo-Mexican Petroleum Company Ltd, cujo representante em Lavras era João Arbex & Filho.

Em 1962, no dia 4 de junho, um incêndio criminoso deixa em pânico os lavrenses: o casarão onde foi o Hotel Moreira e, mais tarde, o Hotel Jardim, na esquina da praça Augusto Silva com a rua Dona Inácia, foi destruído pelo fogo em curto espaço de tempo.

Um ano depois, o senhor Nelson Vilela, que trabalhava com venda para a Casa Mesquita, recebe uma proposta para comprar um bar que ficava na esquina das ruas Francisco Salles com Álvaro Botelho, era o Bar e Restaurante Pinguim. Nelson procurou seu irmão José Vilela e propôs a ele uma sociedade para comprar o bar e restaurante,. Depois de muita conversa e acertos, eles decidiram que comprariam o bar. José Vilela tinha a metade do valor, mas Nelson não tinha, mas o proprietário do bar afirmou a ele que poderia pagar aos poucos a sua metade. Tudo acertado e a compra foi efetuada.

O casarão era alugado do advogado Paulo Lourenço Menicucci. Enquanto os irmãos trabalhavam, surgiu um imprevisto: o antigo proprietário do bar descontou a nota promissória num banco e o senhor Nelson foi avisado disso. Diante da situação, correu atrás de um empréstimo e cobriu a dívida no banco. Passado algum tempo, o proprietário do casarão, o advogado Paulo Lourenço Menicucci, procurou os irmãos para fazer a venda do casarão para eles.

Eles foram até o Banco Nacional e pediram um empréstimo, mas quando estava tudo acertado entre o proprietário do casarão e eles, o gerente do Banco surpreendeu os irmãos dizendo que havia recebido uma ordem superior para cancelar todos os empréstimos. Diante disso, começaram uma nova corrida até chegarem ao Banco Mineiro da Produção, onde foi feito o empréstimo avalizado por Albertino Siqueira, o Bertinho do Bar do Ponto, e o médico Armando Amaral de Souza, esposo da também medica Dâmina Zakhia. Negócio fechado.

O bar e restaurante prosperou graças aos viajantes comerciais que se hospedavam em Lavras e, à noite, frequentavam a rua Álvaro Botelho, onde existia a famosa zona boêmia. Os viajantes frequentavam as "casas de tolerância" e, depois, terminavam a noite no restaurante saboreando a deliciosa comida daquele estabelecimento, que tinha como carro-chefe um famoso frango ao molho pardo.

Nelson e José Vilela perceberam que tinham outro ramo para explorar além do bar e restaurante: transformar o Bar e Restaurante Pinguim em Hotel Pinguim. Os dois construíram um cômodo com cozinha na rua Álvaro Botelho, no quintal do casarão,  demoliram a edificação e deram início a construção do hotel e restaurante, que foi concluído e, mais tarde, ampliado para chegar hoje com 40 apartamentos e 16 quartos.

O senhor Nelson tem hoje 90 anos e o hotel tem 60 anos. Ele ainda está no nome do senhor Nelson, mas ele dificilmente vai até o estabelecimento, que hoje é administrado pelo seu genro Luiz Henrique Martins e sua filha Ednara Vilela Martins. Ele é o mais antigo proprietário de hotel vivo em Lavras. A parte que pertencia o José Vilela, seu irmão, é administrada pela nora de José Vilela.

Nestes 60 anos de hotel, o Nelson tem casos tristes, comoventes e engraçados. Um dos casos contado por ele foi quando a cantora Gretchen se hospedou no Pinguim. Ela chegou ao hotel curvada e sentindo uma dor terrível na coluna. A cantora estava preocupada com o show que faria em Lavras, ela não sabia se teria condições devido ao seu estado de saúde.

Segundo contou Nelson, o seu irmão José Vilela adiantou e falou com a cantora que conhecia uma pessoa que poderia "dar um jeito" em sua coluna vertebral e a questionou se ela toparia acompanha-lo até um massagista amigo dele, que se chamava Leônidas de Souza Lima, o vereador que ficou conhecido por suas massagens milagrosas. A cantora aceitou e, com muita dificuldade, entrou no Fusca do José Vilela e eles foram até a casa do Leônidas, que mandou a cantora deitar, untou as mãos e as pernas da cantora com um óleo e deu início a massagem. Meia hora depois, a cantora estava em forma, pronta para o show.

Segundo Nelson, Gretchen ficou muito agradecida ao José Vilela, mas seu agradecimento só não foi maior que o agradecimento do Leônidas, que teve a oportunidade de massagear as pernas e o bumbum mais famoso do Brasil. Leônidas ficou eternamente grato ao José Vilela.

Além da Gretchen, se hospedaram no Pinguim os cantores Sérgio Reis e Nelson Ned.

O senhor Nelson não tem ideia de quantos hóspedes passaram pelo hotel nestes 60 anos de história, mas fala com orgulho que, com o hotel, conquistou inúmeros amigos por todo o Brasil.

Senhor Nelson, apesar de seus 90 anos, está muito lúcido e esbanjando bom humor. Ele conversou com a reportagem do Jornal de Lavras ao lado de sua companheira de 72 anos de casado, dona Maria das Dores Vilela, que também demonstrou muita lucidez e bom humor com os casos do marido. Sua filha, Ednara, que também acompanhou a conversa, também se divertiu com as histórias contada pelo pai sobre o hotel.

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