O descaso das autoridades com a BR-265 deixa os políticos com as mãos sujas de sangue

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O mês de março faz parte da história da rodovia BR-265, que liga Lavras a São João del-Rei.

A história começa quando ainda nem existia a rodovia, era uma estrada de terra estreita cheia de curvas, subidas e descidas. No dia 21 de março de 1937, há exatamente 86 anos, era inaugurada a linha de "jardineiras" entre Lavras e São João del-Rei, pela Empresa de Transporte José Floriano Carvalho. Em Lavras, o ponto de partida era na Pensão Central, que também havia sido recentemente inaugurada.

O moderno veículo partia às terças, quintas e sábados, às 6h, com chegada programada para às 11h. Em São João del-Rei, o ponto de partida era da Pensão Americana, às segundas, quartas e sextas-feiras.

Segundo os jornais da época, "a jardineira é dirigida por chauffeur capacitado, com lotação para 10 passageiros; é um auto-ônibus moderno e confortável, com viagens rápidas e preços módicos".

Também hoje, dia 21, está fazendo 58 anos que foi embarcado no porto de New Orleans, Estados Unidos, no dia 21 de março de 1965, o maquinário adquirido pelo Departamento de Estradas e Rodagens, que se destinaria a construção da rodovia Lavras a São João del-Rei. O equipamento, constituído de treze tratores pesados e peças de reposição, foi embarcado no "Loyde Peru".

Também neste mês, mas no dia 18 de março de 1969, o ministro dos transportes Mário Andreazza, acompanhado de diversas autoridades, dá início às obras da construção da rodovia Lavras - Itutinga - São João del-Rei.

Em 8 de março de 1971, a rodovia foi inaugurada.

Hoje, a BR-265, que há 52 anos foi inaugurada e trouxe o progresso para Lavras, São João del-Rei e outras cidades, se tornou um problema: a rodovia tem sido destaque na mídia, não pela sua história, mas pelo seu estado deplorável e pelos inúmeros acidentes, está abandonada pelo poder público.

A rodovia tem uma base e um piso asfáltico de mais de meio século e repleto de remendos, uma "colcha de retalhos" que conta um pouco da história da República Brasileira, "colcha de retalhos" costurada por Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e, agora, está recebendo mais retalhos costurados pelo presidente Lula.

A rodovia que foi inaugurada para receber, na época, caminhões que transportavam cargas de 12 ou 15 toneladas, transporta hoje carretas com cargas superiores a 30 toneladas. A BR-265, no trecho entre Lavras e São João del-Rei, precisa ser urgentemente refeita, com a retirada de todo o seu piso asfáltico, receber uma nova compactação e novo piso, com sinalização adequada, duplicação, além de alterar seu trajeto, eliminando curvas perigosas e outros pontos para garantir a segurança de motoristas e passageiros.

O que mais impressiona é o desdém dos políticos e o desconhecimento com a importância desta via para toda região. A rodovia BR-265 está "derretendo", não adianta mais fazer operações tapa-buracos, estas são soluções paliativas e temporárias, em quatro ou cinco meses novos buracos vão surgir e mais mortes acontecerão.

O mais prudente seria a união dos prefeitos de Lavras, Ijaci, Itumirim, Itutinga, Nazareno, São João del-Rei e outros, além de empresários e sindicalistas do ramo de transporte, que eles fossem diretamente ao Presidente da República expor a situação da rodovia, entregar a ele um dossiê com fotos dos corpos ensanguentados e mutilados espalhados no asfalto remendado da BR-265 e cobrar providências imediatas para a rodovia.

Deixar de lado os politiqueiros que fazem vídeos mostrando a situação da BR-265, eles pedem para compartilhar seus vídeos para se promoverem, mas nada de concreto é feito. A situação precária da rodovia, todos já conhecem, o que precisa é união e ação.