Professora e doutora Joziana Muniz de Paiva Barçante, pesquisadora na área de Doenças Infecciosas e Parasitárias no Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras

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A menina de 12 anos, moradora de Luminárias, que contraiu meningite e está internada na UTI do Hospital Vaz Monteiro (HVM), desde o dia 8, está em estado grave, segundo falou sua mãe, Michele Estevão Ferreira. A garota respira ainda com a ajuda de aparelhos e está inconsciente até hoje, segundo a mãe o estado de saúde da menina é muito grave. Veja a notícia publicada aqui no dia 12.

Três pessoas já morreram no Sul de Minas em decorrência da meningite, uma doença grave que está preocupando das autoridades brasileiras por causa da baixa cobertura vacinal.

Hoje, domingo, dia 30 de outubro, vai haver uma grande movimentação de pessoas em todo o país, hoje vamos exercer nosso direito de escolher quem vai governar do Brasil pelos próximos quatro anos. Mas essa grande movimentação de pessoas preocupa porque estamos vivendo um período de doenças transmissíveis, com a Covid e agora a meningite.

O Jornal de Lavras procurou a professora e doutora Joziana Muniz de Paiva Barçante, ela é professora e pesquisadora na área de Doenças Infecciosas e Parasitárias no Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (Ufla), é também Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica da instituição, o (Nupeb/Ufla). Ela também coordena o Setor de Prevenção de Endemias da Ufla.

Levamos a ela a preocupação em relação aos casos de meningite no país, em Minas Gerais e em especial na nossa região, questionamos se o fluxo de pessoas na data de hoje poderia propagar as doenças que nos ameaçam, em especial a meningite. A professora Joziana Muniz de Paiva Barçante nos enviou um artigo para que pudéssemos subtrair informações sobre a meningite, porém, o trabalho dela tem tantas informações úteis que optamos por reproduzi-lo na íntegra. Confira o artigo:

Meningite: vacinar é a melhor forma de prevenir esta grave doença

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que protegem o cérebro, e da medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e/ou parasitas, sendo as virais e bacterianas as mais comuns e com maior potencial de produzir surtos.  Dentre os vários tipos de meningite, a mais grave é a Meningite C, causada por uma bactéria chamada Neisseria meningitidis, também conhecida como meningococo e que pode atingir pessoas de qualquer idade.

A meningite é uma doença grave que pode levar o paciente a óbito ou deixar sequelas como perda auditiva e visual, epilepsia, dificuldade na aprendizagem, amputação de membros, perda de memória, dentre outras. O aumento de 77% no número de casos de meningite no estado de São Paulo, entre os meses de maio e a primeira semana de outubro, chamou a atenção das autoridades em saúde para mais uma doença que tem apresentado baixa cobertura vacinal.No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, ou seja, casos são esperados ao longo de todo o ano, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas no inverno e das virais, no verão. Desde o início do ano, temos verificado um aumento do número de casos de meningite em diversos estados brasileiros, com destaque para o Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e mais recentemente, Minas Gerais.

O número de casos de meningite meningocócica em Minas Gerais passou de 17 para 51, em relação a 2021 e o número de óbitos passou de 4 para 17 no mesmo período (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais /SES-MG). Esse crescimento representa um aumento de 325% nas mortes pela doença no estado.

Embora a elevação do número de casos e óbitos seja um fator de preocupação para os agentes públicos, existe prevenção eficaz por meio da vacinação. As vacinas são seguras, eficazes e disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). É esperado que as crianças e adolescentes que estejam com o calendário vacinal em dia, estejam protegidas contra a doença. Em 2022, em Minas Gerais, a cobertura vacinal das crianças está próxima a 75%, enquanto o desejado é 95%.

Por esta razão, para barrar a expansão da doença no estado, a SES-MG ampliou o público que pode se vacinar contra a meningite C, que era de crianças até 5 anos e agora passa a ser liberado para jovens e adultos entre 16 e 30 anos.

Considerando o aumento do número de casos no Estado de Minas Gerais, além da vacinação, é importante que a população esteja atenta aos principais sintomas da doença. Meningite é uma doença grave com a qual não se brinca, pois pode levar uma criança a óbito em questão de horas ou deixar graves sequelas. Considerando ainda a elevada transmissão, é importante vacinar todas as pessoas que tiveram ou possam ter contato com casos positivos, lembrando que crianças, adolescentes e idosos são considerados grupos de risco para a doença.

Os sintomas da Meningite

Dentre os sintomas da doença, o mais característico é a rigidez na nuca, ou seja, quando a pessoa não consegue encostar o queixo no tórax (peito). Outros sintomas comuns são: Febre, Dor de cabeça, Mal-estar, Náusea e vômitos, Confusão mental, Sensibilidade à luz, Dores intensas ou dores nos músculos, articulações, peito ou barriga, Manchas vermelhas na pele, parecidas com picadas, Respiração rápida e calafrios.

Os sintomas começam, normalmente, com mal-estar geral, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Em crianças pequenas, há também o inchaço da moleira (topo da cabeça). Após o início da febre e dor na garganta, surgem dores nas articulações e nos músculos. Entre o primeiro e o segundo dia de doença, surgem lesões hemorrágicas com rápida disseminação por toda a pele.

A transmissão Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta, como tosse, espirro e troca de saliva.

A Prevenção Manter o cartão de vacinas atualizado, Evitar locais com aglomeração de pessoas, Deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente, salas de aula, locais de trabalho e veículos do transporte coletivo, Não compartilhar objetos de uso pessoal e reforçar os hábitos de higiene, lavando as mãos com frequência, especialmente antes das refeições.

Eleições e doenças transmissíveis Hoje, domingo iremos às urnas para exercermos o nosso direito democrático de escolha do presidente da república. Indiscutivelmente, devemos ir às urnas. Contudo, é importante que todos se lembrem que ainda estamos vivendo as consequências de uma grande pandemia com novas variantes do SARS-CoV-2 circulando, casos de doenças reemergentes como a varíola dos macacos (Monkeypox) e mais recentemente o aumento de casos e óbitos por meningite.

O número de casos de Covid-19 tiveram um aumento considerável após o primeiro turno das eleições.

Neste sentido, algumas medidas importantes devem ser lembradas: grupos de risco para Covid-19 devem usar máscara; crianças e adolescentes que não tenham sido vacinados para meningite não devem ir às sessões eleitorais; evite aglomerações; sempre lave as mãos ou use o álcool 70% e clique aqui para mais informações e também para baixar materiais de divulgação da campanha #VacinaMais. Vamos exercer nosso direito com responsabilidade.

Curiosidade A maior epidemia de meningite da história do país ocorreu na cidade de São Paulo nos anos 70. A omissão das autoridades fertilizou terreno para o avanço da doença, que atingiu todos os bairros e chegou a registrar a média de 1,15 óbitos por dia.

Campanha de vacinação de 1975, no bairro da Lapa

Fontes

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO .Acesso em: 29 out. 2022.

FIOCRUZ. .Acesso em: 29 out. 2022.

HERSI K, GONZALEZ FJ, KONDAMUDI NP. Meningitis. 2022 Aug 14. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–. PMID: 29083833.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2022.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Meningitis. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2022.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. .Acesso em: 29 out. 2022.

SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE MINAS GERAIS.  .Acesso em: 29 out. 2022.