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Publicada em: 12/07/2022 10:03 - Atualizada em: 12/07/2022 14:23
Por que o XII Encontro de Veículos Antigos de Lavras fez tanto sucesso?
A resposta é simples: porque o lavrense tem uma história ligada ao automobilismo

 

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O lavrense tem uma história ligada ao automobilismo desde 23 de novembro de 1919, quando chegou a Lavras e causou grande impacto o primeiro automóvel. Foi um Ford T, de propriedade do coronel Aureliano de Andrade Botelho, isso há quase 103 anos. Sobre o notável acontecimento, o jornal "O Município" destacou a seguinte matéria:

"Lavras, a culta Lavras, conta em seu meio um novo melhoramento: um elegante e confortável automóvel Ford, adquirido pelo conceituado commerciante sr. Cel. Aureliano de Andrade Botelho. Como era de se prever, não deixou de causar optima impressão o apparecimento deste auto que majestosamente, desliza pelas novas ruas, nestas tardes encantadoras de novembro. Que tenha imitação a bella iniciativa do sr. Cel. Aureliano Botelho".

Na época o coronel Aureliano trouxe funcionários de sua fazenda para poder arrumar as ruas de Lavras para que ele pudesse circular com sua família em seu automóvel.

Poucos anos se passaram e começara a surgir outros automóveis, até uma agência de venda de veículos foi montada na cidade, era a Agência Ford, que chegou já promovendo grandes eventos para atrair compradores.

Um deles merece destaque, foi no dia 6 de setembro de 1925, seis anos após a chegada do primeiro automóvel em Lavras, neste memorável dia foi realizada uma corrida de carros patrocinada pela Agência Ford de Lavras, este foi um evento que marcou a sociedade lavrense.

Segundo o regulamento da corrida, "o percurso terá uma extensão de 4 quilômetros de ida e de volta, começando no lugar denominado Carioca, indo até o Alto do Pau de Óleo e voltando ao ponto de partida. Os carros serão inspecionados por uma comissão antes da corrida e devem estar nas condições seguintes: radiador cheio, tanque de gasolina cheio, capota descida, para-brisa aberto, conduzindo além do chauffer um ajudante e ferramentas necessárias".

O regulamento ainda trazia: "em caso de incidente a corrida será reiniciada". E de acordo com o regulamento da primeira corrida de automóveis de Lavras, com o percurso de quatro quilômetros, era "permitida a treinagem na pista até às 11h30. Os corredores inscritos e a assistência devem se achar no lugar às 11h30. A corrida terá início ao meio dia em ponto".

O destaque na imprensa era os numerosos prêmios que se achavam expostos na vitrine da Casa Botelho, Penna & Alvarenga. O grande vencedor foi o motorista João Goulart e o segundo colocado, Miguel Godinho. Felizmente não houve nenhum acidente, o agente da Ford Motor Company, Areolino Leite, providenciou de maneira a que tudo corresse com a maior normalidade.

Falar da história dos automóveis em Lavras e não citar os antigos "motoristas de praça" é uma injustiça, como: José Narciso Filho, Manoel Alves, José Galdino de Lima, Antônio Duarte Filho, Nestor Silvestre da Silva, Rizieri Zanoni (Tirinha), Vinício Valentini, José Gaio, Iracelis de Medeiros, Newton de Assis Júnior, José Calixto Filho, Geiel Silva, Benjamin Gaio, Geraldo Evangelista dos Santos, Sebastião Torres, Francisco Alvarenga Filho, Sebastião Júlio de Souza, João Fagundes Neto, Miguel Godinho, João Botelho, Domingos Gaio, Olbers Magalhães, Joaquim Botelho Rezende, Adão Alves de Paula, Geraldo Alves de Paula, José Pequeno, Jorge Nogueira, Nelson Mesquita, Luiz José de Souza e tantos outros.

Seria injustiça também deixar de citar aqui Paulo de Oliveira Alves, o Paulinho do Piano, memorialista da história dos automóveis em Lavras. Também seu fiel amigo e mecânico Almerindo Jerônimo. Como também Cyro Arbex e a família Vieira.

Neste final de semana quem é saudosista teve a oportunidade de participar de um evento que atraiu visitantes de diversas cidades e até de outros estados, foi o XII Encontro de Veículos Antigos de Lavras, que reuniu 347 expositores com suas preciosidades, além de cerca de 5 mil pessoas, o evento foi nas praças Leonardo Venerando e Augusto Silva.

Estavam expostos nas praças veículos como Ford 1929, Chevrolet Bel Air, Miura, um automóvel esportivo brasileiro de muito sucesso na década de 70, também outros esportivos como o Karmann-Guia, Cobra, Gurgel, Fuscas, Opalas, Gordini, Kombi, Corcel, Puma, Mp Lafer, Dogge 1931, Chevrolet Brasil, Jeeps, Rurais, Fiat 147 e muitas outras preciosidades, além do Dodge 1942, que foi escolhido pelos organizadores para estampar o cartaz do evento, este veículo pertenceu ao corpo diplomático americano no Brasil na ocasião da Segunda Grande Guerra.

O Dodge Power Wagon 1942, do exército americano serviu na guerra quando os americanos tinham bases militares nas Costa marítima brasileira, depois foi transferido para o Corpo Diplomático Americano, mais tarde, foi doado à missão presbiteriana, em Lavras. Aqui ele serviu a Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), antes da federalização, quando ela ainda pertencia ao Instituto Gammon.

O velho Dodge do exército americano ficou mais de 40 anos estacionado na Universidade Federal de Lavras (Ufla), até que o reitor do Gammon, professor Alisson Massote, requereu o veículo de volta.

Já de volta ao Gammon, ele foi entregue a responsabilidade do restaurador de veículos antigos José Alberto Assis Ferreira, um açoriano que deixou a ilha portuguesa em 1975 e passou a residir em Lavras. Um artista na arte de restaurar veículos.

O Dodge ficou nas mãos do açoriano José Alberto por oito meses para ser restaurado. No Brasil existem apenas dois exemplares deste veículo, um pertence ao Instituto Gammon, em Lavras e o outro, fica em São Paulo. O veículo pesa, nada menos que 2 mil quilos e faz 2 quilômetros com um litro de gasolina.

O Dodge Power Wagon pode ser adaptado para andar numa linha férrea, para isso, basta tirar as rodas e colocá-lo nos trilhos, ele tem rodas para transitar em trilhos. Ele tem três marchas para frente e uma para trás, tem tração nas quatro rodas e uma lataria extremamente grossa, devido a isso ele resistiu a ação do tempo sem danificar sua estrutura. Sua preservação se deve também a sensibilidade do diretor do Gammon Alisson Massote. No para-choque dianteiro tem um guincho que arrasta até 4 mil quilos.

Devido a sua força, o Dodge americano era usado na ESAL e também no Gammon, para arrastar troncos de árvores e outros objetos pesados. É um veículo que exige do motorista e dos passageiros, algum sacrifício: o motorista sofre com o volante duro e pesado, já o passageiro com os solavancos, já que a lataria é fixada no chassi sobre fechos de mola. Sem falar que para embarcar, o passageiro tem de subir quase 60 centímetros de altura, é o que separa o chão do estribo do "Dojão", como é carinhosamente chamada à peça histórica pelos alunos e funcionários Gammon.

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