O atual Presídio Estadual de Lavras fica em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, uma "bomba relógio" prestes a convulsionar. Foto: Jornal de Lavras
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De antemão, esclarecemos que "editorial é um artigo que apresenta a opinião de um grupo sobre determinada questão", sendo que este, apresenta a opinião do Jornal de Lavras sobre a polêmica envolvendo a construção do novo presídio na cidade.
E porque resolvemos abrir uma exceção em nossas publicações jornalísticas imparciais e publicarmos a nossa visão parcial sobre esta questão? Primeiro, porque não desejamos ser cobrados pela omissão, em um futuro próximo, quando as consequências da não construção deste presídio começarem a se concretizar.
E, segundo, porque estamos há 11 anos noticiando crimes cometidos em Lavras e sua microrregião e, há 11 anos, tempo de existência deste jornal, assistindo bandidos serem colocados em liberdade antes mesmo da notícia ir ao ar, por falta de uma estrutura que os comporte, ou seja, por falta de espaço no presídio. O que assistimos hoje, infelizmente, é o Poder Público de Lavras tendo que escolher quais bandidos ficam presos e quais ficam impunes, pois não há espaço para todos no atual presídio da cidade.
E mais: nestes 11 anos que noticiamos estas impunidades, em todos os casos, sem exceção, os leitores comentam manifestando insatisfação com o Poder Público em não manter os criminosos presos. Logo, entendemos que o que as pessoas de bem desejam, de verdade, é que os criminosos paguem pelos seus atos, visto que isso certamente traz mais segurança para a cidade. Mas como manter os bandidos presos se não há espaço? Se não há um local adequado na cidade para isso?
Assim como os leitores que sempre manifestaram indignação com a impunidade, nós do Jornal de Lavras também clamamos por justiça, por criminosos presos e gente de bem, famílias, trabalhadores, livres e com mais sensação de segurança.
Não queremos mais noticiar sobre crime e saber que o bandido que o cometeu foi preso pela PM, foi para a delegacia, prestou esclarecimentos e foi colocado em liberdade em seguida por falta de espaço para ser mantido preso, o famoso "enxugar gelo" do trabalho das polícias de nossa cidade.
Ao contrário, queremos trazer notícias de que o Estado conseguiu dar respostas aos cidadãos, de que o criminoso está de fato recebendo o que merece pelo seu ato: prisão. Mas para receberem o que merecem, precisa ter presídio, certo?
Daí vem a pergunta: a quem interessa realmente a não construção do novo presídio de Lavras?
1) Ao cidadão de bem que deseja viver em uma sociedade mais segura?
ou
2) Ao bandido que deseja ficar impune pelo seus atos e seus advogados que tem interesse profissional na liberdade de seus clientes?
A construção do novo presídio em Lavras deverá ser definida na próxima segunda-feira, dia 4, na reunião ordinária da Câmara Municipal. O assunto, que ganhou as redes sociais, inexplicavelmente tomou um rumo indesejado, visto que a falta de informação correta levou a população a acreditar que será construída em Lavras uma penitenciária ou que o presídio está sendo construído com a intenção de abrigar detentos de diversas regiões de Minas Gerais.
O fato é que o atual presídio, localizado na área urbana de Lavras, foi construído há 38 anos, quando Lavras tinha uma população de 72 mil habitantes, hoje são 105 mil e o atual presídio não tem mais espaço que comporte o número de criminosos que tem na cidade e sua região. A consequência disso, são mais de 200 criminosos à solta nas ruas de Lavras, que são diariamente presos pela PM e colocados em liberdade logo em seguida por falta de espaço no presídio.
Com isso, o que vemos são que os cidadãos de bem, trabalhadores, muitas vezes são obrigados a ficar presos em suas casas por falta de segurança enquanto os bandidos estão livres pela cidade. Eles sim sabem bem da real situação, sabem que podem cometer delitos a vontade, pois sabem que não terão local para serem mantidos presos.
Agora surgiu a possibilidade da construção de um novo presídio em Lavras, sem o gasto de recursos públicos, pois será construído com o dinheiro da Vale. O que se pretende fazer é construir outro presídio maior, mais seguro e fora do perímetro urbano para comportar a população carcerária de Lavras e de sua região, como é hoje no atual presídio. Na prática, é passar o funcionamento do atual presídio da área urbana, para um local mais afastado e com infraestrutura capaz de realmente manter um maior número de bandidos presos.
Repetimos: hoje em Lavras existem mais de 200 criminosos que deveriam estar na cadeia, porém, pela falta de espaço estão vagando pelas ruas cometendo delitos. Tem ainda diversos mandados de prisão para serem cumpridos e não são porque não tem espaço no atual presídio.
Independente de posição político-partidária, acreditamos que o presidente Jair Bolsonaro tem razão ao defender que "lugar de bandido é na cadeia". Mas é preciso lembrar que, para manter bandidos presos, é necessário ter presídios, do contrário, eles ficarão à solta e cometendo crimes, mantendo pessoas de bem "presas" em suas casas e eles permanecerão livres pelas ruas. A falta de presídio na região que comporte os bandidos significa cada vez mais bandidos livres e impunes.
Consideramos que o que está se passando em Lavras é um filme repetido, um filme de 2011, quando uma campanha com informações iverídicas contra a construção do então prédio da Câmara terminou com um "buracão" na praça Santo Antônio, com grande prejuízo para os lavrenses. No final das contas, quem realmente perdeu com a polêmica e o impedimento de construir a câmara naquele local?
Neste caso da campanha contra a construção do presídio o prejuízo será ainda maior e mais danoso: num futuro próximo, muito mais próximo do que se imagina, o sistema carcerário de Lavras vai convulsionar, a criminalidade vai aumentar, pois os bandidos terão ainda mais certeza de que poderão cometer crimes e ficar impunes, ou alguém acha que os bandidos de Lavras serão aceitos com ordem de preferência em outras localidades que estão investindo na construção de seus presídios para manterem suas cidades mais seguras, como Itajubá, por exemplo?
Diante de tantas fake news espalhando informações contrárias à construção do novo presídio, sentimos falta de publicações do outro lado da questão, por isso resolvemos abrir este espaço aqui no Jornal de Lavras para que o "outro lado da moeda" fosse também exposto.
Dentre as informações reais, tem a de que presídio atual será desativado independente de se aprovar ou não o projeto de construção do novo presídio, pois o local não comporta mais, é uma "bomba relógio" no meio de Lavras. E mesmo se o projeto de construção não for aprovado pelos vereadores, com a desativação iminente daquele local, onde é o prédio do atual presídio será reformado e instalado um centro de internação sócio-educativo (prisão para menores, de âmbito regional), para suprir outra demanda recorrente da população, que é a de que menores sejam responsabilizados pelas suas infrações (atualmente eles ficam impunes em Lavras em quase cem por cento dos casos).
É necesssário pensar que, com a iminente desativação deste atual presídio sem que outro exista, Lavras perderá este importante instrumento de política criminal, e não terá para onde levar seus presos e condenados. Com isso, a soltura de ainda mais criminosos na cidade será certa.
Outro ponto que deve ser levado em consideração: Lavras será a única cidade do porte dela no estado a não ter um presídio, isso pode, inclusive, vir a afastar o interesse de grandes empresas de aqui se instalarem, afinal, quem quer estabelecer sua empresa onde há menos segurança? Assim, a não construção do novo presídio poderá impactar negativamente até mesmo em possível geração de empregos no futuro.
José Eustáquio Cardoso, um conhecido empresário da cidade, expôs alguns pontos na rede social válidos de serem trazidos neste momento para esta discussão:
"Sou a favor da construção do presídio em Lavras!
- local escolhido excelente, vamos acabar com um presídio dentro da cidade (um verdadeiro barril de pólvora) e levar para zona rural.
- questão da água da COPASA para abastecer o presídio, é mais viável em uma obra desta envergadura construir poço artesiano.
- além de dar mais segurança para a população vai gerar novos empregos e consequentemente mais vendas para nosso comércio e prestação de serviços.
- Itajubá acabou de inaugurar as novas instalações do presídio daquela cidade, ou seja, dobrou a capacidade de vagas. Lá tem um programa referência no estado de ressocialização de presos.
- como em Lavras as obras de ampliação do presídio de Itajubá deram início em 2015 no governo Pimentel. Mas foram paralisadas por falta de recursos
- agora apareceu esta oportunidade da Vale construir o presídio em nossa cidade. Na minha simples opinião não podemos perder está chance que é única!".
A seguir, alguns esclarecimentos publicados pelo Promotor de Lavras Wesley Leite Vaz, lembrando que um Promotor de Justiça é justamente aquele responsável por oferecer acusação (denúncia) contra um indivíduo suspeito de contrariar a lei em um procedimento criminal. Em simples palavras, é aquele que atua do lado dos cidadãos de bem e contra um criminoso em caso de julgamento. Ou seja: se ele defende a construção do novo presídio, quais são aqueles que consequentemente estão do outro lado, interessados que a construção não ocorra? Obviamente os bandidos e seus advogados, que são os que tem interesse profissional na liberdade de seus clientes. Seguem os esclarecimentos:
Ressaltando que juízes e promotores tem interesse especial em ver este presídio construído e funcionando, pois não ter um presídio que comporte os bandidos na cidade e região, é como se o trabalho deles de atuação pela segurança da sociedade fosse em vão.
E para encerrar este editorial, através do qual expusemos a nossa visão sobre a situação, em contraponto aos argumentos contrários à construção do novo presídio que vem sendo amplamente divulgados em redes sociais e outros meios de comunicação, a pergunta que deixamos é a do título deste: "A quem interessa realmente a não construção do novo presídio de Lavras?".
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que juízes e promotores tem interesse especial em ver este presídio construído e funcionando, pois não ter um presídio que comporte os bandidos na cidade é como se o trabalho deles de atuação pela segurança da sociedade fosse em vão. Diante disse, seguem alguns esclarecimentos:
que juízes e promotores tem interesse especial em ver este presídio construído e funcionando, pois não ter um presídio que comporte os bandidos na cidade é como se o trabalho deles de atuação pela segurança da sociedade fosse em vão. Diante disse, seguem alguns esclarecimentos: