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Publicada em: 21/06/2021 11:04 - Atualizada em: 21/06/2021 14:44
O que é bom para o Brasil, não é bom para Lavras
Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla), foram destaque em matéria especial do jornal O Estadão

José Cherem e Joziana Barçante, pesquisadores da Ciência, que mesmo sendo tolhidos, continuam a projetar o nome de Lavras e da Ufla para todo o Brasil

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 @jornaldelavras     @jornaldelavras   (35) 99925.5481

Há muitos anos que em Lavras o interesse pessoal de políticos sobrepõem aos interesses da coletividade, isso em vários níveis, mas agora, num momento em que estamos perdendo vidas para a maior crise de saúde pública dos últimos cem anos, esse procedimento politiqueiro torna-se preocupante e assustador.

Em Lavras confundiram ideologia com a Ciência, os políticos de Lavras não gostam de fatos, mas de suposições: um pesquisador que militou na política e foi bem sucedido, supõem-se que ele possa se tornar uma ameaça futura, portanto, a 'ordem é' neutralizá-lo, mesmo que isso custe prejudicar um trabalho que vinha sendo realizado com absoluto sucesso no combate a Covid-19 e que era benéfico para todos. O pesquisador, no caso, é José Cherem. 

A politicagem em Lavras demonstrou ser mais poderosa do que se imaginava: ela se infiltrou no campus da Universidade e atingiu também uma grande pesquisadora que foi responsável por trazer - mesmo que de forma online - para participar de uma aula da Disciplina de Covid-19, que ela coordena nos programas de Pós-graduação em Ciências da Saúde e Pós-graduação em Ciências Veterinárias, o ex-ministro da saúde Luís Henrique Mandetta. Também - que da mesma forma - debateu com cientista da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos sobre Doenças Tropicais Negligenciadas. Que também prestou relevantes serviços ao Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus em Lavras, e coordenou o LabCovid, um laboratório para a realização de testes moleculares de diagnóstico da Covid-19, um dos mais importantes de Minas Gerais. A pesquisadora, no caso, é Joziana Barçante.

Os pesquisadores Joziana Muniz de Paiva Barçante e José Cherem, que antes ocupavam a coordenação do LabCovid, foram substituídos por outros profissionais. E não parou por aí: uma parceria celebrada entre a prefeitura de Lavras e a Universidade Federal para ações de combate a Covid, foi desfeita. 

Acontece que o trabalho destes pesquisadores, que foram 'abafados' em Lavras, está sendo importante para o resto do Brasil, prova disso foi a matéria exibida pelo jornal Estadão, publicada ontem no Caderno Saúde. O Jornal de Lavras transcreve a matéria, cujo texto é da jornalista Mariana Hallal. Confira abaixo:

 

Com 500 mil mortes pela Covid, Brasil deve ir além da vacinação em massa para frear vírus

Isolamento social, testagem massiva e campanhas de conscientização são outras formas de combater a pandemia que vêm sido defendidas por especialistas há mais de um ano

Com vacinação lenta, baixa adesão às medidas de isolamento social e sem políticas nacionais de testagem em massa, o Brasil atinge neste sábado, 19, a marca de 500.022 mortes pela covid-19. O País viu a pandemia crescer exponencialmente e, apenas neste ano, registrou o maior número de mortes por Covid entre todas as nações do mundo. Apesar de alguns governadores projetarem vacinar toda a população com pelo menos uma dose até outubro, a incerteza na entrega de vacinas e o surgimento de novas variantes tornam o futuro da epidemia incerto no País.

O epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, afirma que pelo menos 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse adotado medidas para controlar a pandemia. Para Hallal, a gestão Jair Bolsonaro errou ao atrasar a compra de vacinas, desestimular o uso de máscaras e vacinação, não implementar uma política rigorosa de isolamento social e distribuir remédios ineficazes para a covid-19, como a cloroquina, que geraram uma falsa sensação de segurança em muitos brasileiros.

O distanciamento entre as pessoas é um dos pilares do controle do coronavírus, mas o Brasil nunca conseguiu, de fato, implementar essa medida. A maioria dos governadores e prefeitos determinou algumas restrições nos momentos mais críticos da pandemia - especialmente no início da emergência sanitária -, mas o índice de isolamento social nunca ficou no patamar ideal por tempo suficiente.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), porém, vem criticando o isolamento social repetidamente desde o início da pandemia. Um levantamento feito pelo Estadão mostra que, entre março de 2020 e março deste ano, Bolsonaro promoveu pelo menos 41 eventos com aglomerações. Em maio deste ano, quando o País já acumulava mais de 430 mil vítimas da Covid, o presidente chamou de "idiotas" as pessoas que ainda seguiam as recomendações dos especialistas e mantinham o isolamento.

Para Marcel Ribeiro-Dantas, pesquisador em bioinformática no Instituto Currie (França) e integrante da isola.ai, iniciativa que conduz estudos relacionados ao distanciamento social na América Latina durante a pandemia, as medidas fracassaram por falta de fiscalização e de alinhamento no discurso. "Não adianta o prefeito falar uma coisa e a oposição dizer outra. Falta uma voz uníssona", defende.

"O Brasil precisa de três semanas de um lockdown rigoroso. Isso é muito necessário, mas sabemos que também é muito difícil"

Pedro Hallal, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Joziana Barçante, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica e professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (Ufla), aponta que as medidas de isolamento implementadas no Brasil são muito frágeis. "Se você faz um lockdown com menos de 15 dias, você está desgastando a população e não tem um efeito prático", diz.

Dados do Google sobre mobilidade mostram que o pico de isolamento no Brasil aconteceu no início da pandemia. Entre o fim de março e o fim de maio de 2020, a porcentagem de pessoas que deixaram de se deslocar para o trabalho variou, na média, entre 42% e 25%.

Quando a segunda onda começou, em março deste ano, o deslocamento de brasileiros para o local de trabalho estava, em média, apenas 4% abaixo do esperado. Com o aumento de mortes, o isolamento aumentou um pouco, chegando a cerca de 20% no início de abril, impulsionado pelos feriados de Sexta-Feira Santa e Páscoa. Os números voltaram ao patamar anterior na metade daquele mês.

Para obter a taxa de isolamento, o Google usa como base o movimento registrado entre janeiro e fevereiro de 2020, período anterior à pandemia. A porcentagem de pessoas que deixaram de se deslocar varia em relação a esse valor-base. O Estadão compilou esses números e calculou a média móvel.

Em relação ao transporte público, o isolamento foi um pouco maior. No fim de março de 2020, 61% das pessoas deixaram de se movimentar por estações de trem, metrô e pontos de ônibus. Com o passar dos meses, o movimento foi voltando. No início de agosto, o movimento estava 30% abaixo do normal e em novembro, quase no mesmo patamar pré-pandemia.

Durante a segunda onda, a circulação de pessoas no transporte público caiu um pouco, mas se manteve mais intensa do que na primeira onda. Entre março e abril deste ano, a queda no movimento variou entre 25% e 40%. O ponto mais baixo coincide com os feriados de Sexta-Feira Santa e Páscoa.

O médico José Cherem, integrante do Núcleo de Pesquisa Biomédica da Universidade Federal de Lavras (Ufla), diz que a falta de apoio governamental é um dos principais entraves ao isolamento. "Falta um subsídio financeiro. As pessoas também estão enfrentando dificuldades econômicas, insegurança alimentar e desemprego", aponta.

Embora em abril de 2020 o governo federal tenha criado um auxílio emergencial a trabalhadores informais, autônomos, desempregados e microempreendedores individuais, extinto em dezembro do ano passado, e adotado outras medidas, como a aprovação da redução de jornada e programas para auxiliar empresas na pandemia, as ações foram consideradas insuficientes por muitos especialistas para conter a crise.

Os especialistas ressaltam ainda que o Brasil deveria ter apostado em uma política de testagem em massa. "O be-a-bá de uma doença infecciosa como a covid-19 é a testagem, e o Brasil não testou a população", diz Pedro Hallal.

Em geral, o Sistema Único de Saúde (SUS) só oferece teste de coronavírus a quem manifesta sintomas claros da doença. Ainda assim, o resultado costuma demorar bastante para sair. Países como Reino Unido e Alemanha oferecem testes gratuitos semanais a todos os seus habitantes, com sintomas ou não.

Joziana fala que os governos locais podem fazer parcerias com universidades para ampliar a capacidade de testagem. Outra estratégia que deve ajudar no curto prazo é a testagem ambiental, que consiste em verificar a presença do coronavírus em locais como maçaneta e corrimão. Se der positivo, não significa que o objeto é fonte de contaminação, mas que pessoas infectadas pela Covid circulam naquele ambiente e que o uso de máscaras e o distanciamento são ainda mais necessários.

"A testagem ambiental será muito importante no retorno às aulas. O aluno vai tirar a máscara para comer, por exemplo, e precisa saber se aquele ambiente está contaminado"

Joziana Barçante, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica e professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (Ufla)

O uso de máscaras com maior capacidade de filtragem, como as PFF2, também é recomendado. Apesar de ser uma das formas mais fáceis e acessíveis de se proteger do coronavírus, a medida é constantemente ignorada pelo presidente. Um levantamento feito pelo Estadão no início do mês mostrou que Bolsonaro não usou o equipamento de proteção em 73% dos eventos que participou desde o começo da pandemia.

Além disso, o Brasil falha na vigilância genômica. O sequenciamento de amostras do coronavírus colhidas no País é importante para se ter controle sobre quais variantes do vírus estão em circulação.

"O Brasil precisa começar a fazer o sequenciamento para enfrentar a pandemia com informações mais criteriosas", defende José Cherem. O médico fala que, quando o país sabe com quais cepas está lidando, consegue calcular o impacto que o vírus terá sobre o sistema de saúde e tem tempo de prepará-lo com mais leitos e mais remédios, por exemplo.

Vacinação em massa é a solução a médio e longo prazo

Os especialistas são reticentes em cravar o futuro da epidemia de Covid-19 no Brasil, mas concordam que dificilmente o País adotará uma política de isolamento social ou de testagem eficientes a ponto de controlar a disseminação do coronavírus. Sobra, portanto, a vacinação.

O País comprou, ao todo, 559,6 milhões de doses das cinco vacinas aprovadas pela Anvisa. O cálculo é da plataforma apolinar.io/vacinas, mantida pelo desenvolvedor Apolinário Passos com base em informações do Ministério da Saúde. Os imunizantes começaram a chegar ao Brasil em janeiro deste ano e a previsão é de que todas as doses sejam entregues até dezembro.

Até fechar os primeiros contratos para aquisição das vacinas, contudo, o governo federal negou ou postergou propostas de fabricantes diversas vezes. O vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues, afirmou que o governo federal ignorou 53 e-mails enviados pela Pfizer referentes à compra de vacinas.

Bolsonaro também divulgou uma série de desinformações sobre os imunizantes. Em dezembro do ano passado, por exemplo, o presidente disse que a vacina da Pfizer poderia transformar uma pessoa em "jacaré". A CoronaVac também foi alvo de críticas. No dia 16 de junho, Bolsonaro mentiu ao dizer que a vacina fabricada pelo Instituto Butantan não tem comprovação científica. 19/06/2021 16:31 Página 6 de 9Para conseguir frear o vírus por meio da vacina o mais breve possível, o Brasil precisa aplicar 1,5 milhão de doses todos os dias. A estimativa é de Pedro Hallal. "É preciso vacinar 70% da população total com as duas doses para que o vírus perca sua força", projeta.

Isso significa imunizar cerca de 150 milhões de brasileiros, o equivalente a toda a população acima de 20 anos. Para alcançar a meta, é preciso aplicar 300 milhões de doses, levando em conta o esquema de duas doses. O Ministério da Saúde considera que 5% das doses são perdidas no processo logístico. Portanto, 315 milhões de doses são necessárias.

Até o momento, foram aplicadas 80,2 milhões de doses. Segundo a pasta da Saúde, 56,5 milhões de pessoas receberam a primeira dose e, destas, 23,8 milhões tomaram a segunda.

Para aplicar as 220 milhões de doses restantes a um ritmo de 1,5 milhão de doses por dia, incluindo feriados e finais de semana, é preciso de aproximadamente cinco meses. O Brasil tem as doses necessárias contratadas, mas precisa torcer para que as entregas não atrasem. Desde o início da campanha de vacinação, o Ministério da Saúde já reduziu diversas vezes a previsão de entrega de doses. Assim, no melhor dos cenários, o Brasil conseguiria controlar o vírus através da vacinação na metade de novembro.

Até o início do mês, o Brasil estava aplicando cerca de 750 mil vacinas por dia. Nos últimos dias, a distribuição do insumo pelo governo federal ficou mais estável e o volume de doses aplicadas diariamente está entre 900 mil e um milhão. As informações são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde.

Agora, o desafio é ampliar a capacidade de vacinação para alcançar a meta de 1,5 milhão de doses diárias. "Precisamos ampliar os locais de vacinação e usar farmácias, por exemplo, para atingir pessoas de qualquer região. Também temos que aumentar o horário para ter vacinação até as 21h", diz Cherem. A maioria das cidades vacina em horário comercial e poucas oferecem vacinação noturna.

"A gente consegue aumentar o ritmo de vacinação. Nosso sistema de imunização é fantástico, temos uma cobertura vacinal muito boa. O Brasil é referência nisso. Os municípios têm estrutura. O que falta é a vacina", complementa Joziana.

Mantendo o ritmo atual de um milhão de doses aplicadas diariamente, o País vai levar sete meses para concluir a imunização de 70% da população. Até lá, o Brasil estará sujeito a novas ondas da covid-19 e a novas variantes, que podem transformar o cenário e exigir adaptação de vacinas.

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