Proteção nos muros impede a fuga de detentos, mas não consegue minimizar o descontentamento dos presos
O presídio de Lavras nunca esteve tão em evidência como nos últimos dias: depois do pedido de habeas corpus coletivo para quase 250 presos, impetrado pelo advogado Luiz Henrique Santana, no dia 6 de fevereiro, notícia que ganhou todos os jornais e emissoras de televisão do Brasil, voltou a ser comentado depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) analisou o pedido de Luiz Henrique Santana e pediu que o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, que já foi vereador em Lavras, prestasse informações, em um prazo de 10 dias, sobre a situação do presídio.
Depois disso, uma emissora de televisão do Rio de Janeiro, a TV Brasil, agendou uma visita a Lavras, o que deverá acontecer depois do carnaval, para gravar um especial em Lavras, onde abordará, entre outros, o tema da reintegração do ex-detento na sociedade.
Ontem o caldeirão explodiu e o presídio foi palco de um motim, sendo necessária a interferência da Polícia Militar para conter os ânimos, além do Corpo de Bombeiros, todos auxiliando os agentes da Superintendência de Administração Prisional (Suapi).
Os presos se revoltaram, queimaram colchões e cobertores. De acordo com a PM, os detentos ameaçavam aos agentes penitenciários e os próprios carcereiros, eles dispararam balas de borracha para acalmar a situação. Os disparos foram efetuados de forma não provocar danos irreversíveis aos detentos, eles foram disparados na direção das pernas.
Hoje foi a vez da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgar uma nota a respeito do motim ocorrido em Lavras na noite de domingo e início da madrugada desta segunda-feira. A Seds informou que nove detentos precisaram ser atendidos depois do controle da situação. Eles foram levados com ferimentos nas pernas para Unidade Regional de Pronto Atendimento (Urpa) sob escolta, mas pouco depois retornaram para o presídio. Segundo a Seds, não houve danos ao patrimônio e a unidade instaurou um Procedimento Interno de Investigação (PII) para apurar as circunstâncias do ocorrido. A revolta dos presos durou cerca de três horas.