
Bióloga Karla Silva Teixeira, CEO da Biominas Green Solutions, que participará da COP30
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Marina Silva, ministra do meio ambiente e mudança do clima, deu várias entrevistas para os maiores jornais do Brasil e alguns da Europa, momentos em que discutiu importantes temas sobre as COPs. A ministra, nestas entrevistas, apresentou conceitos importantes sobre esta COP30, tais como: novas mesas de negociações; a novidade do Balanço Ético Global nesta COP30; os pilares da mobilização dos diferentes setores da sociedade; citou diversos tipos de agendas - de mobilização, de implementação, de adaptação, agenda de perdas e danos para países mais vulneráveis; o valor de US$ 1,3 trilhão para financiamento das ações climáticas estabelecidas para a COP30 para financiar países subdesenvolvidos afetados pelas mudanças climáticas e o fundo global para países que preservam florestas.
A ministra Marina também comentou que, ao longo de 33 anos, foram discutidas regras e normas que foram implementadas, e que agora, com a COP30, devem ser inovadores e apresentar ações e programas importantes. No entanto, a área ambiental e climática enfrenta enormes desafios cujas soluções resultam das relações internacionais desequilibradas entre países, bem como da polarização política interna, que tem dividido o Brasil.
Uma lavrense que integra a delegação brasileira na Blue Zone da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima - COP30, Karla Silva Teixeira, conversou com Rogério Custódio de Oliveira Júnior e falou sobre sua participação no evento.
Karla é bióloga e doutora pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) e também é fundadora e CEO da Biominas Green Solutions, que desenvolve soluções ambientais, sociais e de governança.
Rogério - Explique o que é a COP30 considerando os temas citados pela ministra Marina Silva em diversas entrevistas.
Karla - Há muito tempo temos ouvido falar sobre "buraco na camada de ozônio", no entanto, este assunto sempre nos pareceu muito distante. Nos últimos anos temos visto e sentido os impactos desse fenômeno. A COP, Conferência das Partes, foi criada para que os países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) (1992) pudessem se reunir anualmente para negociar e tomar decisões sobre o combate às mudanças climáticas. O principal objetivo é definir e implementar medidas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e mitigar os efeitos do aquecimento global. No entanto, as decisões e metas definidas nos últimos anos não foram adequadas para controlar o aumento da temperatura global. O aumento significativo da temperatura é justificada, de certa forma, por países que emitem grandes quantidades de gases de efeito estufa, ou seja, aqueles com grandes produções industriais e maior geração de riqueza. Em contrapartida, os países mais pobres, têm tido maior impacto com as mudanças climáticas, e é neste sentido que é citado que os países mais desenvolvidos precisam destinar recursos a países mais impactados por essas mudanças. Além disso, países que têm maior área de preservação florestal também devem receber maior recurso por preservação, visto que muitos países já destruíram suas áreas para exploração industrial, contribuindo também para as mudanças climáticas.
Rogerio - O que as últimas COPs e as políticas públicas brasileiras têm provocado em Minas Gerais - especialmente em Lavras - no que se refere às empresas, ao agronegócio, às áreas urbanas e às diversas instituições estaduais e municipais diretamente ligadas às pastas de meio ambiente e mudança climática?
Karla - As COP's influenciam no estabelecimento de metas a longo prazo. Os países precisam apresentar suas NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), sendo o compromisso que cada país membro do Acordo de Paris assume para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptar às mudanças climáticas, neste sentido, para que as metas sejam alcançadas, é necessário um esforço conjunto do setor público e privado.
Rogério - O que as últimas COPs - incluindo a COP30 - têm exigido de universidades como a Universidade Federal de Lavras (Ufla)?
Karla - A comunidade científica se apresenta como um dos principais atores para o cumprimento das metas climáticas, pois ela fornecerá conhecimentos necessários para entender a crise, orientar políticas e desenvolver soluções. Um dos seus principais papéis inclui a produção de dados confiáveis, a avaliação de políticas, o desenvolvimento de inovações e a comunicação de alertas à sociedade.
Rogério - Quais oportunidades e desafios às últimas COPs - incluindo a COP30 - têm proporcionado para empresas como a Biominas Green Solutions que você fundou e administra como CEO?
Karla- A gestão de riscos climáticos vem como uma oportunidade a ser explorada, pois empresas precisam estabelecer metas para alcançarem a neutralidade de suas emissões, no entanto, ainda não existe legislação específica, políticas públicas e financiamento adequado para investimentos, o que muita das vezes, pode ser um desafio para o setor.
Rogério - Karla, perguntamos se você acredita e por que os biomas de Minas Gerais estão protegidos com financiamentos e agendas da COP30, sendo que, historicamente, países como os Estados Unidos, a China e os da Europa desequilibram e até descumprem acordos internacionais prejudicando os países do Sul Global.
Karla - O Brasil possui um Código Florestal rígido que protege os biomas e florestas do Brasil, as COP's não protegem diretamente os Biomas que fazem parte de Minas Gerais, mas tem uma visão geral do clima mundial.
Rogério - A política brasileira atual tem dois projetos de governo liderados pelo Presidente Lula e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. As políticas públicas ambientais implementadas nestes governos recebem críticas e causam reações radicais no Brasil dentro de instituições públicas e privadas e influenciam a opinião pública dos eleitores brasileiros. Como você enxerga e avalia essa política brasileira no que se refere à área ambiental e climática?
Karla - Nas questões relativas a mudanças climáticas, regulamentações e políticas públicas, ambos tiveram ações parecidas, já construíram políticas e Leis que começassem o desenvolvimento do mercado de carbono do Brasil, por exemplo.
Rogério - A ministra Marina Silva em entrevistas critica a cultura do consumo e do ter e opina que isto precisa mudar. O arqueólogo Gabriel Pedrozo, doutorando na UFMG, pesquisa sítios arqueológicos da região de Lavras e mostra no seu livro, em artigos e nas suas palestras a transitoriedade das culturas humanas na história e como o tempo da natureza e da geologia é implacável e singular. Dentro deste debate, muitos políticos e cientistas críticos questionam o atual modelo de sociedade que usufrui sem limites de inovações tecnológicas para o consumo e crescimento industrial. Para a bióloga e empresária Karla, quais as soluções (os próximos passados) para preservação da natureza e da vida no planeta? Na sua área, quais são os caminhos para a mudança de paradigmas nas próximas décadas?
Karla - Como consultora em ESG, meu trabalho é auxiliar com que as empresas sejam ambientalmente corretas (utilizando os recursos ambientais de forma consciente), socialmente justas (impactando de forma positiva a vida dos seus colaboradores e comunidade ao entorno) e economicamente viáveis e transparentes (empresas precisam ser lucrativas para manterem a sustentabilidade dos seus negócios). Inovações tecnológicas é um conceito diferente de processos industriais não sustentáveis, sendo que o primeiro conceito é essencial para que os processos industriais e produtivos causem menor impacto socioambiental. Vivemos em uma sociedade dependente de inúmeras necessidades, entre elas, alimentos, dessa forma, pensar em processos e cadeias com menor impacto ambiental se torna cada vez mais importante para o planeta.
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