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Matéria Jornalística /


Publicada em: 14/06/2024 21:48 - Atualizada em: 15/06/2024 22:24
Há 62 anos, dois atiradores do TG prenderam Lucílio Schimidt, o incendiário que aterrorizou Lavras

Sobrado do capitão Evaristo Alves de Azevedo, o primeiro a ser consumido pelo fogo

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História de Lavras - por Eduardo Cicarelli

Há exatamente 62 anos, os lavrenses conheceram o homem que aterrorizou Lavras por um mês, trata-se do incendiário Lucílio Schimidt, um alemão que serviu na guerra e que morava e era comerciante em Lavras.

O terror começou no dia 13 de maio de 1962, quando um incêndio destruiu por completo um dos casarões mais antigos de Lavras, o sobrado do capitão Evaristo, que situava onde hoje é o Banco do Brasil, na praça Augusto Silva. Neste casarão, na parte superior, morava a família Alves de Azevedo e o morador mais ilustre do sobrado do capitão Evaristo foi o teólogo e escritor Rubem Alves (Boa Esperança 15 de setembro de 1933 – Campinas 19 de julho de 2014). Este casarão foi retratado com detalhes no livro Menino de Lavras, contos e causos, do professor e escritor Paulo Roberto da Silva. Na parte inferior, de frente para a praça Augusto Silva, era comercial, tinha a loja da Camig (Companhia Agrícola de Minas Gerais), o bar do Alemão, cujo proprietário era Lucílio Schimidt, na lateral para a igreja do Rosário, havia uma sapataria e um açougue.

Passaram 22 dias, quando todos ainda acreditavam em incêndio acidental, na noite de 4 de junho de 1962, outro casarão centenário também foi devorado pelo fogo, era o Hotel Jardim, que também tinha fachada para a praça Augusto Silva e lateral para a rua Dona Inácia. Este casarão, no século XIX e início do século XX, foi o Hotel Moreira, onde se hospedaram pessoas que de alguma forma se tornaram parte da história de Lavras, como o fotógrafo Mr. J. Riley, em 3 de março de 1896, ele era agente da agente da Casa Pratt, Cochrane e Cia., do Rio de Janeiro. Mr. J. Riley veio a Lavras para fotografar alguns pontos da cidade e pessoas. Muitas famílias lavrenses foram retratadas por este profissional. Duas de suas fotos mais importantes da época estão ilustrando a matéria abaixo. Também se hospedou no Hotel Moreira, no dia 26 de janeiro de 1910, o poeta Belmiro Braga, que veio a Lavras para assistir ao casamento de Elias Arantes Johanny de Souza e Maria Constança da Costa Pinto, filha do médico Antônio da Costa Pinto. O poeta Belmiro Braga registrou no livro de hospedes do Hotel Moreira o seguinte:

"Meu coração (que maldade!)
Não pode encontrar palavras
Que exprimam toda bondade
Do bello povo de Lavras.
De coração, Belmiro Braga 26/01/10"

A partir do segundo incêndio, todos já sabiam que eles eram criminosos e muitos boatos surgiram na época. Os muros da cidade amanheciam com pichações: MAC (Movimento Anticomunista). Os incêndios foram politizados devido à crise que o país atravessava. Os comunistas, por sua vez, retrucavam também com pichações: "Injustiça".

Para "colocar mais lenha na fogueira", cinco dias depois, outro casarão foi devorado pelo fogo: no dia 9 de junho de 1962, um casarão que foi adquirido no início do século XIX pela Câmara Municipal, para ser sua sede, casarão que foi também comitê político de Jânio Quadros, depois escola de luta de box e finalmente depósito de móveis da Mobiliaria Aliança, foi destruído pelo fogo.

O caos estava instalado em Lavras e no dia 11 de junho, dois dias depois, outro casarão centenário foi incendiado, desta vez não foi no centro da cidade, foi na esquina das ruas Chagas Dória com Lourenço Menicucci. O casarão pertencia aos herdeiros de Lourenço Menicucci. Por muita sorte, um grupo de pessoas conseguiu debelar o fogo, que ficou resumido a apenas ao porão do imóvel.

Os lavrenses faziam rondas noturnas, muitos exibindo arma de fogo como espingardas nas costas, outros carregando porretes, todos a procura do terrível incendiário.

A intranquilidade tomou conta da cidade e, na madrugada do dia 14 de junho, dois atiradores do Tiro de Guerra, João Batista de Oliveira e Antônio de Oliveira, surpreendem o incendiário que estava aterrorizando Lavras, quando ele se preparava para atear fogo na Distribuidora dos Bondes, onde é hoje o INSS.

Os atiradores, que viraram heróis na cidade, deram voz de prisão a Lucílio Schimidt, o imigrante alemão que residia na rua Dona Emerenciana e era o proprietário do bar no primeiro casarão incendiado por ele. Schimidt foi preso e conduzido ao Hospital Psiquiátrico de Barbacena, sendo colocado em liberdade no meado da década de 70, quando montou uma banca de vender verduras e frutas naquela cidade. Schimidt faleceu na década de 80.

Imagens do fotógrafo Mr. J. Riley - 1896:

  

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