Integrantes do MST ocuparam a praça de pedágio na Fernão Dias, eles liberaram apenas uma cabine e não estão cobrando pedágio
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) começou a semana realizando uma série de ocupações e protestos pelo país. Na segunda-feira foi realizada uma grande manifestação em Brasília, onde cerca de 1,5 mil sem-terra ocuparam o prédio do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário). O alvo principal dos protestos é a presidente Dilma Rousseff, que teria reduzido o ritmo de criação de assentamentos e cortado crédito para a área.
Os protestos se desencadearam pelo país e, hoje, os sem terras de Campo do Meio chegaram a praça de pedágio da rodovia Fernão Dias, a BR-381, em Santo Antônio do Amparo, e ocuparam aquele local. Os sem terras fecharam as cabines de cobrança no sentido São Paulo Belo Horizonte e deixaram apenas uma funcionando e, mesmo assim, sem cobrar pedágio.
O objetivo da manifestação, o chamado "Abril Vermelho", segundo Silvio Neto, porta-voz da direção estadual do MST, é para chamar a atenção para três acontecimentos: primeiro para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás e pedir justiça contra os acusados de liderarem a ação da Polícia Militar do Pará, em 1996, na BR-155, que terminou com 21 camponeses mortos. Segundo o MST, os dois comandantes da polícia militar condenados há 220 anos de prisão pelos crimes estão soltos.
A manifestação também servirá para lembrar, segundo Silvio Neto, que em 20 de novembro de 2004, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy e seus jagunços invadiram o acampamento Terra Prometida, no município mineiro de Felisburgo, assassinaram cinco trabalhadores rurais Sem Terra e deixaram mais de 20 gravemente feridos. Para Neto, o Massacre de Felisburgo é considerado um retrato da atualidade da violência no campo, da impunidade da Justiça e da paralisação da Reforma Agrária.
E o terceiro ponto é para exigir a desapropriação da Fazenda da Usina Ariadinópolis.Os Sem Terras querem que o Governo Federal desaproprie a Fazenda, palco de um dos maiores conflitosagrários do Brasil, conflito que se arrasta e se agrava ao longo dos anos, conflitoque, segundo o MST, só terminará com a desapropriação da Fazenda.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Lavras enviou para o local uma caminhonete com equipamento de som para poder ajudar na manifestação. Além do apoio dos metalúrgicos de Lavras, o MST tem o apoio da Via Campesina e da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
A Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanham todo o movimento, que não tem hora para acabar, funcionários da OHL Autopista Fernão Dias, concessionária que explora o pedágio, também estão acompanhando. Um dos funcionários da Autopista, que pediu para não ser identificado, disse que os prejuízos serão grandes; para ele, o MST tem o direito de se manifestar, mas não de interferir numa empresa da iniciativa privada.