Usando um antigo sistema de fita k-7, dona Marta leva aos vizinhos e as pessoas que transitam pela rua Toniquinho Pereira, uma mensagem de Deus. Abaixo, o alto-falante fica em cima da casa de dona Marta; apesar de ser um sistema antigo de transmissão, cumpre um papel importante na evangelização
Existem pessoas que são especiais, uma delas é uma moradora da rua Toniquinho Pereira, a dona Marta Raimunda Matias, ela há dez anos cumpre uma missão interessante: todos os dias coloca músicas religiosas em quatro horários diferentes, isso para, segundo ela, fazer com que as pessoas elevem, pelo menos por alguns instantes, o pensamento ao Criador.
Dona Marta explicou como tudo aconteceu, isso há cerca de dez anos. Segundo ela, o ritual se repete quatro vezes ao dia: às 6 horas da manhã, ao meio dia, às 15 horas e às 18 horas. Dona Marta tem uma corneta de alto-falante afixada em cima de sua casa e, todos os dias, impreterivelmente nestes horários, ela coloca músicas religiosas para todas as pessoas ouvirem.
Ela usa um equipamento simples, um aparelho quatro em um: toca-fitas, gravador, toca disco e rádio, ela utiliza uma fita k-7 com as gravações. Dona Marta executa Ave Maria, Consagração, Anjo do Senhor e outras músicas que, segundo ela, fazem com que as pessoas elevem, naqueles horários, seus pensamentos a Deus.
Tudo começou com uma promessa que fez a uma irmã de caridade do Asilo, segundo ela, irmã Maria das Dores, que trabalhava no asilo de Lavras, queria colocar uma corneta de alto-falante no alto da igreja de São José, a igreja construída pela irmã Benigna, quando morava em Lavras. A idéia da irmã Maria das Dores era executar as músicas, que hoje dona Marta toca em seu serviço de alto-falante. Acontece que as outras irmãs não gostaram da idéia e não concordaram com a execução das músicas. Isso foi há cerca de 10 anos, num dia de Nossa Senhora Aparecida, dia 12 de outubro.
Dona Marta gostou da ideia e se prontificou em assumir o que seria o serviço da irmã Maria das Dores e, a partir daquela data, ela executa músicas religiosas todos os dias, em quatro horários diferenciados.
Questionada se os vizinhos reclamam, principalmente da música das 6h da manhã, inclusive aos domingos, dona Marta contou que eles nunca se importaram com isso, "eles até gostam", disse ela orgulhosa do feito. Para ela, o que faz contribui, de alguma forma, para a evangelização das pessoas. Ela acredita que muita gente, quando ouve as músicas religiosas, para por um momento e faz uma reflexão elevando seus pensamentos a Deus.
Quando falamos em evangelizar, imaginamos grandes salas repletas de pessoas e oradores com dom e poder considerável para falar. O que testemunhamos na casa de dona Marta mostra que existem outras maneiras de evangelizar.
Nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos encontramos que uma boa parte da tão bendita obra evangelística foi cumprida por pessoas que não eram de todo dotadas de uma maneira especial, mas tinham um amor ardente pelas almas e um sentimento profundo do valor de Cristo e da sua salvação.
Dona Marta é uma mulher especial, que com sua simplicidade cumpre um papel importante: fazer com que as pessoas, no corre-corre do dia-a-dia, pelo menos por alguns instantes, reflitam e elevem seus pensamentos a Deus.