Durval Barbosa, o delator do mensalão do DEM. Abaixo, o ex-prefeito de Lavras Carlos Alberto Pereira
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Foi leiloada na tarde desta quinta-feira, dia 29, uma casa do delator do esquema de corrupção batizado de mensalão do DEM, Durval Barbosa. A residência foi arrematada por R$ 3,5 milhões pela Construtora Dharma, do empresário Carlos Alberto Pereira, de Lavras. O valor da mansão corresponde a menos de 1% dos R$ 540 milhões que o esquema teria desviado em dez anos, segundo cálculos do Ministério Público.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o imóvel foi avaliado em março deste ano em R$ 4,3 milhões. O regimento estabelece que o lance mínimo deva ser 60% do valor da avaliação, o que, nesse caso, seria cerca de R$ 2,5 mi. Ao total, foram nove lances.
O dinheiro arrecadado com a venda do imóvel, que teria sido comprado com dinheiro público, permanecerá em uma conta da Justiça até que o processo seja concluído. Após, o juiz deverá determinar onde ele será aplicado.
A casa, construída em uma área de 1087,5 m², conta uma piscina, churrasqueira, duas suítes e dois quartos. Além de um quarto para motorista e uma dispensa específica para guardar equipamento de jardinagem.
A mansão, de 862 metros quadrados, fica no Lago Sul, endereço nobre de Brasília. Foi construída com dinheiro desviado de contratos do governo com a área de informática, segundo confissão do delator. A Dharma pertence ao empresário Carlos Alberto Pereira e ganhou musculatura nos últimos anos com o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Ex-prefeito de Lavras (PDT), alcançado pela lei da ficha limpa devido a um processo por improbidade administrativa, ele foi candidato derrotado a deputado federal em 2010.
Em entrevista concedida a imprensa, Carlos Alberto Pereira, o ex-prefeito de Lavras, disse que não conhece Durval Barbosa e acompanhou pela imprensa o escândalo da Caixa de Pandora, que provocou a prisão e afastamento do governador José Roberto Arruda, além do indiciamento de mais de 30 pessoas, entre políticos, empresários e altos dirigentes públicos envolvidos nas fraudes. A intenção do empresário é instalar no imóvel um escritório de representação ou a consultoria jurídica da empresa, de olho na expansão dos negócios no atrativo mercado imobiliário de Brasília.
"O único significado que vejo nesse negócio é comercial", disse o ex-prefeito Carlos Alberto Pereira, para quem a Justiça do DF dá um exemplo a ser seguido no País. "O Estado tem que zelar pela coisa pública e todo bem adquirido de forma ilegal deve ser revertido para a sociedade", disse.
Entenda o caso do mensalão do DEM
O chamado mensalão do DEM, cujos vídeos foram divulgados no final de 2009, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
Num dos vídeos apresentado, o então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), aparece recebendo um pacote de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo, ele deixou o Democratas.
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.
Acusado de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato cassado por desfiliação partidária.