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Publicada em: 21/09/2014 16:41 - Atualizada em: 22/09/2014 00:15
Encontro de Congadas e Moçambique na festa de Nossa Senhora do Rosário, em Ribeirão Vermelho
Uma das mais marcantes tradições da comunidade negra está sendo comemorada neste domingo em Ribeirão Vermelho

Dona Tina, a Rainha Conga de Ribeirão Vermelho, responsável pela festa há 47 anos

 

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Neste domingo, dia 21, a cidade de Ribeirão Vermelho está movimentada desde às 5h da manhã, isso porque hoje é dia da Festa de Nossa Senhora do Rosário. Nossa Senhora do Rosário era a santa de devoção dos negros e alforriados na época do Brasil colônia. Em Ribeirão Vermelho estão sendo realizadas, desde o dia 30 de agosto, as comemorações aos 126 anos da Abolição da Escravatura.

Naquela cidade existe uma mulher que é o ícone da comunidade negra na região, é Maria Aparecida Pinto, a Dona Tina, como é mais conhecida. Ela é responsável pela realização do encontro de Congadas e Moçambique e pelas festas do Rosário e São Benedito.

A festa de Nossa Senhora do Rosário está ligada a grupos negros que realizam os autos populares conhecidos pelos nomes de Congadas, Congado ou Congos. Por estarem vinculadas diretamente aos negros, as Congadas se tornaram também uma festa de santos negros, como São Benedito e Santa Efigênia. A Congada é uma tradição católica africana que afirma que uma imagem de Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar. Os grupos de negros apareceram com seus tambores, cantando para a santa e pedindo-lhe que viesse para protegê-los contra o inimigo. Segundo a tradição, a imagem veio , no movimento lento do vaivém das ondas, até chegar à praia, e é chamada para caminhar com eles.

Os Moçambiques resgatam a imagem e os Congadeiros, chamados Filhos do Rosário, são os que convidam Nossa Senhora para o caminho, preparando, com suas evoluções, símbolos, cantos, vestuário colorido, galhos e flores, a passagem da santa.

A Congada chegou até o Brasil através dos Jesuítas. Os Jesuítas a utilizaram como um grande instrumento de catequese na evangelização do Brasil. As danças guerreiras do instinto negro servem de base para criar uma espécie de luta irreal e coreográfica entre o bem e o mal, entre cristãos e mouros. Há lutas, embaixadas, cantos, e sempre os cristãos vencem os mouros, que acabam sendo batizados. Depois, todos juntos fazem a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Com o fim da escravidão no Brasil, que coincidiu com o início da expansão da ferrovia, abriu uma grande frente de trabalho para aqueles que haviam deixado a condição de servil. A ferrovia foi sendo construída e, por onde ela passava, muitas famílias de negros ficavam para trás e povoavam as cidades. Uma destas cidades foi Ribeirão Vermelho, onde a tradição e cultura negra é, até hoje, muito forte e marcante. Uma das tradições é à festa de Nossa Senhora do Rosário, aquela cidade é hoje uma das que mantém a tradição das Congadas e dos encontros de congadeiros.

Hoje às 5h da manhã, foi realizada a Alvorada Festiva na capela de Nossa Senhora do Rosário. De 6h até às 11h, foi servido um café festivo, na capela de Nossa Senhora do Rosário e às 12h, um almoço festivo na casa da Rainha Conga, dona Tina. A tarde, às 15h30, na programação uma procissão com o reino coroado, as guardas e o público saindo da casa da Rainha Conga até a capela de Nossa Senhora do Rosário.

Às 16h, o descimento das bandeiras dos mastros votivos e às 16h40, a saudação do Salve! Salve!. Para finalizar, às 17h, a procissão do giro.

O encontro foi realizado também nas cidades de Cana Verde, Perdões e Candeias, mas é em Ribeirão Vermelho que os traços da cultura negra são mais acentuadas, tanto que nesta época participam caravanas das cidades de Carmo da Mata, Nepomuceno, São Antônio do Amparo, Lavras, Passa Tempo, além de cidades do Estado do Rio de Janeiro e São Paulo.

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