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Publicada em: 29/05/2021 15:06 - Atualizada em: 29/05/2021 18:55
Com a palavra, a Ciência: Jornal de Lavras entrevista o médico e pesquisador da Ufla
Diante da realidade gerada pela Covid-19 e as confusões estabelecidas pela politicagem, ficou claro que apenas a Ciência é capaz de encontrar uma solução para a maior crise de saúde pública do século

José Cherem e Joziana Barçante, pesquisadores da Ciência, que se reunirão com o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti e o deputado estadual Noraldino Júnior, para tentar buscar recursos para a manutenção do projeto de sequenciamento do vírus para detectar variantes em todo estado

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 @jornaldelavras     @jornaldelavras   (35) 99925.5481

O Brasil está passando por um momento extremamente difícil. O país está desacreditado perante o resto do mundo, o negacionismo impera, a pandemia avança e milhares de pessoas morrem diariamente. As previsões são cada vez piores: até setembro é  possível que se atinja a marca de 600 mil mortos pela Covid.

Na esfera municipal não é diferente, falta uma política pensada e organizada de enfrentamento da pandemia, uma política norteada pela Ciência e não por políticos. Estamos vivendo em Lavras a maior crise de saúde pública de sua história, para se ter uma ideia, a gripe espanhola matou em Lavras 41 pessoas e infectou outras 1.026. Naquela época a população era orientada por médicos, apesar dos poucos conhecimentos e recursos disponíveis. Hoje isso não acontece, a Ciência é combatida e a crise politizada.

Neste momento em que devemos ouvir a Ciência, o Jornal de Lavras fez alguns questionamentos ao médico e pesquisador do LabCovid José Cherem. Confira abaixo as perguntas e as respostas do médico pesquisador:

JL: O que são variantes dos vírus?

JC: De maneira geral as variantes são processos de modificação (mutações) que os vírus sofrem durante sua replicação. O SARS Cov-2 que causa a doença COVID-19, infecta os humanos e inicia sua replicação nas células, multiplicando e infectando outras células. Durante esse processo de replicação alguns vírus sofrem modificações (erros) em sua composição genética, formando então variantes de um mesmo vírus. O mesmo acontece, por exemplo, com o vírus que causa a gripe, por esta razão, todos os anos precisamos tomar a vacina, que inclui novas variantes.

JL: Por que os cientistas monitoram as variantes durante essa epidemia?

JC: As pesquisas visam, principalmente, entender onde essas variantes foram inicialmente detectadas, se possuem maior potencial de contágio (infectividade) e se podem causar doenças mais graves. Em uma pandemia, isso irá permitir que o sistema de saúde monitore pessoas que chegam de lugares onde esses vírus circulam, qual o perfil de contágio e gravidade da doença. Dessa maneira, medidas para mitigar a transmissão podem ser tomadas e também preparar o sistema de saúde para que esse não colapse e as pessoas doentes possam ter oportunidade de tratamento.

JL: Todas as mutações do vírus que causa a Covid precisam ser monitoradas?

JC: Na verdade, é importante associarmos a biologia molecular e a epidemiologia. A partir do momento que identificamos um surto, um paciente com uma carga viral muito elevada ou com uma forma mais grave da doença, por exemplo, torna-se essencial entendermos se o vírus que está ali possui alguma característica que potencialize essa situação epidemiológica. Aí reside a importância do sequenciamento genético do vírus, pois passamos a conhecer as novas mutações incorporadas ao genoma viral e correlacionar esta modificação com a característica observada: maior transmissibilidade, maior potencial de causar doença grave, dentre outras. Na epidemiologia molecular você passa a estudar também quais partes são mais importantes no processo de infecção desse vírus. No novo coronavírus, uma parte especial tem sido monitorada, a que expressa as instruções genéticas para construir a proteína S (aquelas espículas presentes na superfície do vírus), que são responsáveis pela infecção do vírus em nossas células.

JL: O que tem sido feito na Ufla no diagnóstico dessas variantes?

Uma linha de pesquisa coordenada pela professora doutora Joziana Muniz de Paiva Barçante do Departamento de Ciências e que conta com uma engajada equipe de pesquisadores de vários outros departamentos tem sido estratégica em gerar conhecimento e produtos (ensino, pesquisa, extensão e assistência) para o enfrentamento a esta pandemia. Desde de janeiro de 2021, após seu convite, tenho participado conjuntamente com outros diversos profissionais em vários projetos de pesquisa que incluem parcerias nacionais e internacionais, não somente com relação às variantes, mas também na linha de anticorpos neutralizantes, desenvolvimento de novos kits diagnósticos, monitoramento vacinal, dentre outros. Ao observarmos a importância do conhecimento sobre variantes circulantes, no contexto do enfrentamento à pandemia, temos nos esforçado para colocar essa medida em prática. Nesse contexto, o professor doutor Victor Satler Pylro, que já era peça fundamental para a equipe, passou a assumir os estudos moleculares relacionados ao sequenciamento e à análise por bioinformática, uma vez que pois possui a expertise técnico-científica e uma rede de parcerias nacionais e internacionais que permitirão que os resultados sejam alcançados com nível de excelência internacional.

JL: Quantas variantes foram estudadas identificadas na nossa microrregião?

JC: Até o momento, foram identificadas 4 variantes em 19 amostras sequenciadas. São elas: P1, P2, B.1.1.7, B1.1.28. No dia 01/06/2021 teremos agenda com o secretário de Saúde do Estado de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, o deputado estadual Noraldino Júnior, além de mim e da professora Joziana Barçante para apresentarmos o NUPEB – CNPq (Núcleo de Pesquisas Biomédica) e tentarmos apoio, recursos para a manutenção do projeto, e também, ampliação para que essas variantes possam ser identificadas em nosso estado.

JL: Qual a importância prática dessas variantes? O que devemos preocupar?

JC: As variantes são classificadas pela Organização Mundial de Saúde em graus de atenção, ou seja aquelas que têm maior potencial de contágio (se espalham mais rapidamente) e/ ou podem ser mais virulentas (podem causar doenças mais graves) recebem maior atenção. Isso é de suma importância para adequar os sistemas de saúde público e privado para enfrentamento da doença e reforçar as informações para as pessoas de como se proteger para evitar a infecção.

JL: Como tem sido essa experiência de atuar, agora na pandemia, como técnico-médico e pesquisador na Ufla?

JC: A Ufla é motivo de orgulho para mim e para todos nós, sua excelência inigualável nas ciências agrárias é motivador e objetivo a ser atingido por qualquer setor desta universidade. A pandemia proporcionou a oportunidade de crescimento do setor de saúde humana na Ufla, e isto, felizmente tem acontecido devido ao altíssimo nível dos seus muitos professores, técnicos e servidores de diversos setores que não medem esforços para auxiliar no enfrentamento à pandemia. Ratificando, assim, o papel das universidades públicas no contexto brasileiro.

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