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Publicada em: 06/10/2015 14:24 - Atualizada em: 06/10/2015 19:48
Um homem de 90 anos com alma de artista, que encanta com sua arte e sua história. Conheça Nelson Moreira
O Jornal de Lavras conheceu este artesão artista que tem o bambu como matéria-prima de sua arte

Réplica do bonde que circulou em Lavras de 1911 até o final da década de 60 (Fotos: Jornal de Lavras, Maria Gorety e Adilson Alves)

 

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O que é um artesão? O artesão é aquele que tem habilidade de artífices, como carpintaria, cerâmica, serralheria, pedrarias e outros. Algumas obras de artesãos até podem ser obras de arte concebidas por algum artista, como acontece na arquitetura, onde o arquiteto é o artista e o pedreiro o artesão.

E o artista? O artista é aquele que tem habilidades para criar obras de arte, pode ser numa pedra, na madeira, no palco, esculturas, na música, nas artes plásticas, numa tela, numa peça fundida e outras atividades.

O artesão desenvolve sua habilidade e canaliza para algum setor, já o artista é aquele que tem um dom que normalmente atribuímos sua concessão por Deus, em resumo: um completa o outro. Mas quando uma pessoa tem os dois talentos? É um artesão de habilidade extraordinária com o dom de artista? A reportagem do Jornal de Lavras descobriu uma pessoa assim, ele tem o dom de artista e a habilidade de artesão, seu nome é Nelson Moreira, ele tem 90 anos e trabalha diariamente ainda hoje.

Nelson Moreira esbanja simpatia, ele é viúvo e pai de 8 filhos e diz: "só um se interessou pela minha arte". Além dos 8 filhos ele tem 14 netos e 16 bisnetos. A família mora numa comunidade na zona rural, quase na divisa de Lavras com Ribeirão Vermelho, no local conhecido como Niterói. São diversas casas distribuídas numa área onde o verde predomina, "um pedaço do céu", como disse um de seus netos.

A família mora em sete casas próximas uma das outras e diariamente se reúne na grande mesa de café na cozinha da casa do senhor Nelson, numa mesa farta com bolos, pães de queijo e quitandas variadas, tudo feito por uma de suas filhas que demonstra prazer em poder servir os membros da família e convidados.

Entre uma conversa e outra, senhor Nelson fala com saudade da esposa Cecília Gaspar de Abreu, com quem viveu por 62 anos, fala também de uma Lavras antiga e de Ribeirão Vermelho, onde trabalhou como ferroviário até se aposentar. O bonde de Lavras e o vapor de Ribeirão Vermelho são lembrados em sua conversa agradável. Os netos e os bisnetos de senhor Nelson não conheceram o bonde e nem o vapor, mas conhece todos os detalhes destes dois meios de locomoção que não existe mais há mais de meio século, isso porque ele reproduziu ambos na escala e com uma riqueza de detalhes impressionante.

Além de saudosista, ele é muito religioso: senhor Nelson é católico fervoroso, se orgulha em mostrar uma foto de um visitante ilustre: o bispo Dom Waldemar, que foi até sua casa para conhecer suas obras. A religiosidade também está presente em suas obras, ele reproduziu as matrizes de Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, São Sebastião e Nossa Senhora Auxiliadora, todas de Lavras, além das igrejas do Rosário e a capela do Colégio de Lourdes. Outra obra que divide espaço com as matrizes de Lavras é a Matriz de Nossa Senhora da Guia, de Ribeirão Vermelho.

Tudo é feito com extremo capricho e riqueza de detalhes. A estação ferroviária de Ribeirão Vermelho tem até os banheiros. O prédio da Prefeitura de Ribeirão Vermelho, que no passado pertenceu a Marinha do Brasil, também faz parte de seu acervo.

Mas não são apenas prédios, o vapor e o bonde que ele tem em sua coleção, ele conseguiu reproduzir objetos que fizeram parte de sua vida, de seus 90 anos de vida, como um torrador de café que gira, covos de pescaria, peneiras, balaios, máquina de moer carne, bilha, máquina de bater manteiga, ferro de brasa para passar roupa, monjolo, lamparina e outros objetos antigos, que se misturam com outras reproduções modernas, como antena parabólica, tudo isso confeccionado em bambu, alguns em fibras finas, pouco mais grossa que um fio de cabelo.

A matéria-prima de sua arte, o bambu, senhor Nelson colhe no quintal de sua casa, segundo ele, colhido sempre na lua minguante. Ele é colocado dentro d'água e depois trabalhado. Suas ferramentas são as mais simples possíveis. Em 78 anos de trabalho, isso porque ele começou aos 12 anos, senhor Nelson gastou alguns canivetes que faz questão de não substituir, suas lâminas com o passar dos anos foram diminuindo de espessura e largura, os canivetes não podem  mais ser fechados porque, segundo ele, "tenho medo que as lâminas quebrem".

Quem visita o artesão artista não sai de lá com as mãos vazias, ele faz questão de presentear com uma de suas obras, uma sombrinha, que é pouco maior que uma moeda de R$ 1 real, mas muito rica em detalhes, como tudo que ele faz.

Uma de suas filhas mostrou um álbum de fotografia que foi feito por uma de suas netas quando ele completou 90 anos, o álbum nos faz discordar de senhor Nelson quando afirmou que apenas um filho havia herdado sua veia artística: a neta Josiane Moreira também é uma artista, e sua arte é a fotografia. 

Há quatorze anos senhor Nelson se tornou conhecido depois de uma extensa reportagem do programa Globo Rural, ele foi entrevistado pelo jornalista José Hamilton Ribeiro, que na época confessou a ele e a seus familiares que, de todas as matérias que fez, a que mais o encantou foi à visita ao senhor Nelson, não apenas pelas obras e habilidade, mas pela "prosa", pelo carinho de seus familiares e é claro, pela farta mesa do café, que é uma marca registrada da família quando recebe visitas.

Veja as fotos do artista, se suas obras, de sua casa e de sua família, registradas no dia que a reportagem do Jornal de Lavras foi em Ribeirão Vermelho conhecer senhor Nelson. As fotos são do jornal de Lavras, Maria Gorety e Adilson Alves.

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