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/ História /


Publicada em: 07/08/2015 08:55
Um morador de Lavras viu, há 70 anos, sua cidade natal devastada por uma bomba atômica
O relato emocionado de um morador de Lavras que, aos onze anos, escapou com toda sua família do massacre do bombardeio em Nagasaki

Susumu Mukai, uma testemunha da maior tragédia da humanidade (Foto: Jornal de Lavras)

 

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O mundo lembrou ontem, dia 6 de agosto, o maior massacre da história: o lançamento da primeira bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima, que foi jogada de um B-29 pilotado pelo coronel Paul Warfield Tibbets Jr., uma fortaleza aérea dos Estados Unidos, chamado de "Enola Gay". Era uma segunda-feira e, às 8h15m, o mundo conheceu o inferno nuclear, lançado de uma altitude de 9 mil metros. A bomba atômica de 4,5 toneladas, apelidada de "Little Boy", detonada a 580 metros do solo.

Foi uma explosão praticamente sem nenhum som, uma intensa luminosidade e um imenso cogumelo tomaram o céu da cidade, provocando um rastro de horror e destruição nunca vistos na história da humanidade. Hiroshima ardeu em chamas e 80 mil pessoas morreram instantaneamente. Os que sobreviveram sofreram com a perda dos parentes e com as dores intensas das queimaduras. O primeiro bombardeio atômico da história matou 140 mil pessoas, deixando cicatrizes em outras 60 mil, numa população de 400 mil na época.

A visão apocalíptica se repetia três dias depois, na cidade de Nagasaki. O presidente Harry Truman, ordenou o lançamento da segunda bomba catastrófica sobre Nagasaki no dia 9 de agosto. A bomba atômica de plutônio devastou a cidade, às 11h02m, deixando 75 mil mortos e um número igual de feridos. Os dois bombardeios atômicos, os únicos da história, forçaram a rendição do Japão, que na época utilizava ataques de kamikases, os pilotos suicidas que lançavam explosivos sobre navios e outros alvos das tropas dos Aliados. Poucos dias depois, chagava ao fim a Segunda Guerra Mundial.

Já se passaram 70 anos, sete décadas, mas as recordações daqueles dias ainda estão presentes na memória de quem viveu a tragédia. Em Lavras mora um japonês que nasceu em Nagasaki, ele tem 81 anos, tinha 11 quando a bomba devastou sua cidade.

Susumu Mukai e sua família sobreviveram à tragédia porque seu pai era funcionário da Mitsubishi Motors e poucos meses antes foi transferido para a China, onde trabalhava. Com o fim da guerra, os chineses passaram a humilhar os japoneses e o que era um país acolhedor, se transformou num "inferno". A cultura japonesa é bem diferente da cultura chinesa e isso já era difícil para os japoneses antes mesmo do fim da guerra.

Susumu conta que apesar da pouca idade – onze anos – ainda lembra bem dos tempos difíceis que ele e a família viveram na China. Ele disse que viu um homem ser decapitado com uma "kataná", uma espada oriental.

Contou também que um dos momentos mais tristes foi quando uma de suas irmãs se matou ingerindo veneno, isso porque ela e mais 23 moças estavam escondidas dos chineses que abusavam das japonesas, que depois da guerra, ficaram desamparadas pelas leis daquele país. Quando elas foram descobertas, tomaram a iniciativa de fazer um suicídio coletivo e todas ingeriram veneno. Das 24 jovens, 22 morreram e duas sobreviveram porque foram encontradas agonizando e receberam os cuidados médicos. Entre as jovens mortas estava a irmã de Susumu Mukai.

Logo depois a família conseguiu voltar para o Japão, foi morar na cidade de Ureshino, e foi visitar Nagasaki. Susumu conta que a cidade estava irreconhecível, com escombros para todos os lados, tudo cinza devido ao fogo e a alta temperatura da bomba.

Ele disse que uma imagem ele guarda até hoje com perfeição, foi quando chegou até a casa onde morava e ela estava intacta, o fogo havia queimado tudo em volta, mas sua casa não foi destruída. Segundo ele, a devastação estava cerca de cinco metros da porta de entrada de sua casa. Hiroshima é uma cidade plana e a expansão do calor foi maior que em Nagasaki, que é uma cidade cercada por montanhas, e casa de Susumu Mukai estava numa plataforma mais alta que as demais, por isso, o fogo não destruiu a casa da família.

Susumu disse que não tem saudades do Japão, apesar de ter seus pais e irmãos sepultados naquele país, disse que sofreu muito no Japão e na China, e que a felicidade encontrou no Brasil, país que o recebeu em 1960. Em Lavras ele está há mais de 25 anos, disse que a cidade o recebeu muito bem e que aqui fez amigos.

O sofrimento de Susumu Mukai e de milhões de japoneses é perfeitamente compreensível, isso porque até hoje o Japão contabiliza as vítimas da radiação atômica. O número de vítimas nas duas cidades já ultrapassou 250 mil, os sobreviventes dos bombardeios atômicos nas duas cidades japonesas são chamados de hibakusha, que traduzindo seria algo parecido com pessoas afetadas por bomba.

Depois dos lançamentos das bombas atômicas sobre o Japão, o mundo passou a conviver com o temor de uma guerra nuclear, que foi acentuado nos anos da Guerra Fria, entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos. A tragédia de agosto de 1945 ainda está viva na memória de todo o mundo. 

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