Praça Municipal, hoje, praça Augusto Silva. Acervo: Museu Bi Moreira - Ufla
Há 132 anos morria em Bom Sucesso uma das figuras mais marcantes da história de Lavras e de Minas, o advogado José Jorge da Silva, o Doutor Jorge. Ele nasceu em Santa Quitéria, então município de Sabará, no dia 10 de abril de 1810, filho de Miguel José da Silva e Anna Filipa da Silva. Fez seus estudos preparatórios no tradicional Colégio do Caraça; com 17 anos, em 1827, seguiu com seu irmão Quintiliano José da Silva, depois conselheiro desembargador, para Portugal, onde estudou na Universidade de Coimbra. Mais tarde concluiu seu curso na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, em 1833.
Doutor Jorge foi deputado provincial em 1835 a 1837 e reeleito em 1838 a 1839. Foi presidente da Câmara Municipal da Vila de Lavras e um dos líderes da Revolução Liberal, em 1842, chegando a liderar uma força com mais de 400 homens; neste mesmo ano foi eleito deputado, mas perdeu seu mandato com a dissolução da Câmara em 1º de maio daquele ano. Em 1844 foi reeleito e ocupou a cadeira na Câmara de 1845 a 1847, sendo-lhe renovado o mandato pela vontade popular em 1848. Ele foi também juiz de direito em Paracatu e em Lavras.
Voltou ainda ao Parlamento na legislatura de 1864 a 1866. Em Lavras dedicava à advocacia e à imprensa, onde publicou inúmeros trabalhos. Foi membro da diretoria da "Estrada de Ferro Central do Brasil", na presidência de Christiano Ottoni, seu particular amigo. Foi um dos idealistas que mais trabalharam pela realização da navegação do rio Grande.
Desde 1845 era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro como sócio correspondente. Recebeu convite para ocupar o alto cargo de Ministro da Marinha do Brasil, o qual se declinou. Foi condecorado pelo Governo Federal com o oficialato da "Ordem Rosa."
Doutor Jorge foi retratado na novela de grande audiência da extinta Rede Manchete, "Dona Beija, a Feiticeira do Araxá", ele era o juiz de Paracatu, com quem a cortesã contava sempre com seus favores junto à Corte.
Durante sua enfermidade foi assistido pelo seu filho, o médico Augusto José da Silva. Ambos foram homenageados pelo povo lavrense, sendo que as principais praças da cidade receberam seus nomes: praça Dr. Augusto Silva e praça Dr. Jorge. José Jorge da Silva morreu no dia 5 de fevereiro de 1880, aos 69 anos na cidade de Bom Sucesso, onde está sepultado.